As implicações de ordem moral/espiritual, decorrentes das comemorações de Momo pelo país, mereceriam um pouco mais de atenção da nossa parte.
Sabemos, pelas informações dos Espíritos [algumas obras abordam a temática, como por exemplo, Nas fronteiras da loucura, de Manoel Philomeno de Miranda], que este período do carnaval é bastante propício às quedas morais.
Imperfeitos, que ainda somos, nosso grau de vulnerabilidade às tentações de diversos matizes, passa, por vezes, despercebido por nós mesmos.
Mais do que nunca, a recomendação de Jesus torna-se pertinente e útil: é preciso orar e vigiar - não a vida alheia, mas a nossa própria conduta [mental, incluisve!] diante das comemorações.
Forçoso reconhecer que ainda não nos conhecemos como deveríamos.
A colocação de Agostinho [em O Livro dos Espíritos], dizendo-nos que o autoconhecimento é a chave do progresso individual, encaixa-se perfeitamente no que gostaríamos de destacar nesse breve texto.
As tentações que ainda conseguem abalar as nossas fibras e convicções ético-morais só encontram ressonância em nós na medida em que ainda não as superamos.
Se nossas convicções são abaladas é porque ainda não foram totalmente consolidadas, logo não poderiam ser tidas a conta de convicção. A palavra utilizada tem o própósito de chamar a nossa atenção para as nossas fragilidades que não são reconhecidas por nós. Ao negligenciarmos com esse necessário e fundamental olhar para dentro de nós [o autoconhecimento], nos tornamos ainda mais vulneráveis.
Por exemplo, se eu nego para mim mesma que a vaidade seja um problema que eu possuo, mais facilmente eu posso escorregar nessa problemática, já que sequer a cogito como dificuldade não superada.
Lembrando, sobretudo, que nesse período do carnaval, por conta do forte apelo sensual, espíritos ainda ligados às sensações puramente materiais possuem largo acesso àqueles que lhes permitem a presença. Sabemos do constante intercâmbio entre os dois planos, material e espiritual. Não seria diferente no período da festa da carne.
Reconhecer nossas [verdadeiras] fragilidades morais pode ser um bom caminho para aqueles que não gostariam de se compromenter ainda mais diante de seu planejamento espiritual. Sem contar que, percebendo-se, fica mais fácil prevenir-se do forte assédio espiritual pelo qual todos passamos, principalmente em períodos turbulentos nos quais estamos vivendo.
Não é preciso dizer aos outros quais as limitações morais ainda nos prendem à inferioridade; reconhecê-las para nós mesmos, no entanto, é de suma importância num processo de reforma íntima. Nesse sentido, vale a pena finalizar estas breves reflexões com a citação literal de Agostinho [Livro dos Espíritos, questão 919a] - "O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual."